Trama
Num mundo onde todas as coisas já estão prontas para consumo, perdemos o hábito de ver as partes. Tudo compõe um só sistema, funciona mais ou menos igual, quase todos os processos obedecem uma mesma lógica. A visão unificada das coisas faz com que percamos a sensibilidade para o detalhe, para a parte, para o pequeno que compõe o grande o macro, o todo.
É neste sentido que a arte de Andressa Carvalho ganha relevância: ela fragmenta o todo e o recompõe, conferindo-lhe novo sentido, nova existência.
É a decomposição do maçiço, o pesado tornado leve, a alegre dissolução do bruto. Cada nova pequena parte se enreda a outra, numa espécie de corrente dinâmica, trama perfeitamente integrada, onde cada nova composiçāo se mostra única e exclusiva.
Observar o processo da feitura das clutches é perceber como é valiosa a desconstrução... fragmentar para reconstruir, recompor, recriar.
Num modo absolutamente pautado pelos novos tempos, pelo enredamento, pela trama, pela composição de elementos que estavam longe e separados, Andressa consegue com sua arte tecer tramas solidárias, compor novos desenhos e geografias.
Assim como deveria ser a vida, procedimento contínuo de construção e desconstrução, afim de fazer surgir o inusitado, o mágico. O que desafia a convenção, o que recusa o destino fatal, o que produz nova vida.
Recebi este texto da querida amiga e jornalista Cris Valery
Nenhum comentário:
Postar um comentário